Taboão da Serra, 29 de outubro de 2024 – Os taboanenses foram às urnas no último domingo, 27, para votar para o cargo de prefeito, em um dia frio e chuvoso. Taboão da Serra, assim como outras dezoito cidades do estado de São Paulo, inclusive a capital, tiveram que decidir no segundo turno quem chefiaria o executivo da cidade a partir de Janeiro de 2025.
Em uma eleição marcada por disputas acirradas, o calor das tensões políticas fez subir a temperatura em Taboão da Serra. Trocas de graves acusações marcaram a campanha; em especial no segundo turno, onde o atual prefeito, José Aprígio (PODE), concorria diretamente com o agora prefeito eleito, Engenheiro Daniel (União Brasil).
O clima esquentou quando o padrinho político de Engenheiro Daniel, o prefeito de Embu da Artes, Ney Santos (Republicanos), que termina seu segundo mandato nesse ano, entrou de vez para a campanha de Daniel em Taboão da Serra.
Ney Santos coordenou uma campanha implacável de ataque a gestão de Aprígio em Taboão da Serra. Chegou a dizer em sua rede social que os moradores de Embu, que sempre invejaram Taboão da Serra, agora eram invejados pelos taboanenses.
Uma campanha coordenada levou à cabo a narrativa de que Aprígio não governava e que, em vez disso, usava seu tempo e energia para construir cada vez mais prédios na cidade.
O apelido “Zé dos prédios” foi disseminado por correlegionários e simpatizantes de Ney e Daniel, e infestaram as redes sociais nas páginas da cidade. A de narrativa da oposição de que Aprígio só pensava em construir prédios se mostrou decisiva como estratégia de campanha.
Enquanto isso, Aprígio tentou levar uma campanha propositiva e positiva, centrando a campanha nas realizações da sua gestão e dando destaque central a municipalização da antiga BR-116, atual Av. Aprígio; mas não adiantou.
A obra pegou a todos de surpresa, e seus transtornos irritou moradores da cidade. A confusão se estendeu e sem uma campanha clara, que tivesse o objetivo de esclarecer os munícipes, a conta acabou ficando mesmo para Aprígio.
Já o ex-prefeito Fernando Fernandes (PSDB), preferiu dirigir seus ataques a Daniel, chegando a associá-lo a pessoas ligadas a organizações criminosas. Já no segundo turno, declarou apoio a Daniel.
Daniel, por outro lado, centrou fogo máximo contra Aprígio. A municipalização foi vista como uma medida puramente eleitoreira, pouco planejada e feita às pressas.
A falta de diálogo com a população e a péssima comunicação institucional e de campanha levada à cabo por seu secretário, Arnoldo Landiva, já havia enterrado o sonho de Aprígio de se reeleger ao cargo. Os taboanenses não dariam uma segunda chance a Aprígio.
Aprígio poderia ter se saído ainda pior, não fosse a entrada de Eduardo Nobrega como vice em sua chapa. De fato, a coordenação e a presença política de Eduardo Nobrega deu folego à campanha, que ganhou uma espécie de sobrevida.
A personalidade enérgica de Eduardo injetou uma dose de adrenalina na campanha, enquanto Aprígio, personagem sem muito brilho e melancólico se mostrava cansado e batido.
Foi apenas no segundo turno que a campanha de Aprígio se viu obrigada a adotar uma estratégia de campanha mais agressiva, mirando o vencedor do primeiro turno, Engenheiro Daniel (União Brasil); Na correria e no desespero, não faltaram ilações de todas as ordens; insultos e provocações com Daniel e também com seu padrinho político, Ney Santos (Republicanos). A mudança de estratégia política de última hora revelou o bate-cabeça de uma campanha verdadeiramente frankstein.
Aprígio já entrou para a história da cidade com seus empreendimentos que mudaram o perfil da cidade; enquanto político, digamos, o dom da oratória, ferramental necessário ao político, lhe faltou. Aprígio pode ter muitas qualidades, mas, falar ao povo, comunicar com carisma, não estão entre as muitas qualidades que Aprígio possui.
Como reflexo de uma comunicação que não existiu, Aprígio obteve apenas 33,73% dos votos válidos no segundo turno das eleições de domingo, 27. Engenheiro Daniel, com 66,27% teve quase o dobro de votos do atual prefeito.
A eleição já poderia ter sido resolvida no primeiro turno, quando Engenheiro Daniel (União Brasil) obteve 48,98% dos votos válidos. Faltou pouco mais de 1,02% de votos para Daniel ser vitorioso já no primeiro turno.
O pleito municipal de 2024 em Taboão da Serra ganhou destaque na imprensa nacional pelo fato lamentável ocorrido com o atual prefeito, derrotado nas urnas, José Aprígio (PODE). Uma emboscada na Av. Aprígio, antiga BR-116, quase levou à vida do prefeito de 73 anos.
Aprígio cumpria agenda de campanha e retornava à sede da prefeitura quando teve o carro cercado por criminosos que abriram fogo contra o carro em que estava o prefeito. Ao menos cinco disparos de fuzil atingiram o veículo, um Jeep Renegade, blindado.
Aprígio levou um tiro no ombro e se feriu com estilhaços do vidro perfurado pela bala. Socorrido pelo próprio motorista até a UPA Akira Tada, devido à gravidade do caso e ao perigo de novos ataques, foi levado com escolta policial para ao Hospital Israelita Albert Einstein, no bairro do Morumbi, São Paulo. O prefeito teve alta no último domingo, 27.
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